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Praia dos Pescadores, Maputo. |
Não morri, não estou doente, não decidi virar hippie. Apenas tirei esses últimos dias pra refletir um pouco. Ouvi, e não apenas uma vez, que eu estava reclamando demais aqui no Blog. Concordo que eu reclamo (e é assim que eu me conheço há quase três décadas), mas há também que se entender a linha tênue entre a reclamação e o sarcasmo. Eu sou uma pessoa sarcástica. A ironia faz parte da minha personalidade. E eu a uso sempre, mesmo sem ter intenção. Então, depois de muito pensar, a primeira decisão que tomei é que, sim, vou tentar (e digo TENTAR) me policiar nas reclamações, mas jamais, never, ever, vou deixar de ser irônica. É assim que eu sou, e pronto. E isso aqui é um blog pessoal. Até agora não o usei pra nenhum trabalho jornalístico. Quando usar, vai dar pra perceber a mudança na linguagem.
Segundo motivo que me levou a ficar em silêncio nos últimos tempos foi a necessidade de adaptação. Conheci muitas pessoas legais nos últimos dias, outras nem tão legais assim, levei um ou outro tombo, mas o balanço final foi positivo. Também tenho tentado me adaptar a Maputo e a seu modo de vida. Logo que se chega, tudo é lindo e diferente. Depois vem a fase do choque cultural, da revolta e do desapontamento. Era essa a fase em que eu estava desde o último post.
Presenciei várias coisas desagradáveis nesse tempo, coisas que eu não esperava. Minha amiga Cristiana, a portuguesa do post da Salsa, foi assaltada com uma faca enquanto falava comigo ao telefone. Ouvi tudo, sem poder fazer nada. Aí, junta com a saudade da família, saudade dos meus animais, dos amigos, sentimento de isolamento, e a coisa desanda de vez. Passei um tempo me sentindo vulnerável demais aqui em Moçambique, sensibilizada demais, mas pro lado ruim da coisa. Agora, ao que tudo indica, superei essa fase.
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Olhar desconfiado na Costa do Sol, em Maputo. |
A fase que estou agora é de aproveitar a experiência por aqui. Se vou voltar para o Brasil, se vou ficar mais tempo, se vou pra outro país, o que será da minha vida, não estou a fim de pensar agora. Estou aprendendo a viver um dia de cada vez, e, até agora, esse tem sido o maior dos aprendizados aqui em Moçambique.
Então, aos poucos coloco em dia os posts aqui no Blog. Prometi um post sobre a Cristiana, a gringa mais azarada que já pisou em Moçamba. Também tenho algumas fotos do Reed Dance, uma cerimônia que tive o prazer de assistir lá na Swazilândia. Umas voltas que dei pela cidade, umas fotos que tirei, como essas duas deste post. E mais alguma coisa que eu for lembrando. Mas uma coisa de cada vez, né? :)