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Praia de Ponta do Ouro, sul de Moçambique. |
Moçambique, assim como muitos outros países, possui uma história conturbada, uma independência recente e alguns conceitos de desenvolvimento truncados. E a população aprendeu rápido a colocar a culpa de tudo que é questionável na cultura. Dizer que algo é cultural e que deve ser respeitado como tal acaba sendo um golpe baixo, um soco no estômago, uma mordaça. Imobiliza, emudece, inibe.
Desde que cheguei, confronto-me com essa situação. Se proponho uma mudança, se questiono uma rotina, se busco entender o desconhecido, levo a máxima "assim é a nossa cultura". E, assim, muito do que tento acaba sendo ignorado, minhas perguntas ficam sem respostas, meus incentivos ficam sem retorno. Sinto-me encurralada, imóvel, impotente.
Gosto de Moçambique. Em momento algum me arrependo de ter aceitado o desafio de ter vindo pra cá. Mas, às vezes, acabo me sentindo frustrada por não conseguir fazer o que me proponho, por não conseguir fazer alguma diferença significativa, por não deixar legado algum. Sinto como se tivesse parado no tempo, sem conseguir passar pra frente o pouco conhecimento que tenho, e sem conseguir adquirir a sabedoria que busco.
Fico em Moçambique até março. Espero que o tempo abra até lá.
Arrepiei... qualquer que seja o tempo, sempre há uma experiência xará! Já dizia Fernando Pessoa, em seu "Mar Português":
ResponderExcluir"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."
é verdade, xará. uma hora bate um vento e leva essa nuvem embora ;)
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