São quase quatro quilômetros entre o hotel onde ainda estou morando e o lugar onde trabalho. Juro que tentei andar nos meios de transporte locais, que deixam qualquer van paraguaia no chinelo. Mas a quantidade de pessoas que são furtadas nesses veículos, o incômodo de estranhos se encostando em mim o tempo todo e o perigo de se cair a qualquer momento pela porta que não fecha me fizeram optar por caminhar. E não me queixo, até porque são apenas 40 minutos de caminhada. Não me queixava, até hoje.
Saio do hotel às 7h20. O caminho é sempre o mesmo: o mais seguro, ou o menos perigoso, como comecei a vê-lo desde hoje. Levo comigo apenas uma pequena bolsa transpassada, onde cabem nada mais que a carteira e o celular, e uma sacolinha de pano com meu sanduíche diário, um suco e uma água, até que tenha um fogão onde possa cozinhar alguma coisa decente para o almoço. Por motivos óbvios, tento ser discreta sempre. Hoje, nada mais que uma calça jeans, uma camisa de manga longa e tênis para facilitar a caminhada. Nada de joias, aparelhos de música, relógios. Mas aqui, meu bronzeado Michael Jackson não facilita meu desafio de passar despercebida.
Ainda não se passaram 20 minutos de caminhada e percebo três jovens a me acompanhar com os olhos. Cochicham alguma coisa e saem andando. Passam por mim, falam entre si, e somem em uma ruela por onde devo passar em instantes. Do carro estacionado na calçada, um jovem indiano me chama.
“Moça, moça!” Não o conheço. Continuo andando. Um senhor africano bem vestido me para na calçada e aponta o jovem no carro. “Está a lhe chamar”. “Não o conheço”, respondo, e continuo a caminhada. O indiano, vendo que o senhor está a ouví-lo, grita “Moça, aqueles rapazes irão lhe assaltar! Passaram aqui a dizer que irão lhe assaltar. Tome cuidado!”.
Paro. Olho para o chão. Não sei o que fazer. A ruela está a menos de 50 metros. Não há policiais por perto. Caminho contra o fluxo de pessoas. Os carros na rua são muitos, não há como atravessar. Percebo que o senhor está disposto a me acompanhar. Sem pensar duas vezes, começo a acompanhar seus passos.
Passamos pela ruela. Os três jovens estão lá, a minha espera. Ameaçam um movimento, mas recuam logo que percebem o senhor ao meu lado. Dois policiais surgem na rua. O senhor para e começa a falar o que aconteceu. Os jovens somem. Certifico-me de que não me seguem mais. Sumo também entre os carros estacionados na calçada.
1 Eu conheço essa bolsinha
ResponderExcluir2 Dá uns golpe neles que eles saem correndo
3 Quanto já emagreceu?
4 Foda ein!
hahahahah Gabi, foda é elogio! E com essa minha rotina de sanduíche todo dia, ja engordei tudo o que tinha emagrecido. Ó vida cruel! :P
ResponderExcluiruéi , mas cade a lutadora que vivia se gavando pra mim que me imobilizaria em questão de segundos ?? hahaha
ResponderExcluirhahahaha não foi dessa vez :P
ResponderExcluirah, nao tinha lido esse ainda... cuidado xará... puxa! qta emoção, Sampa ficou no chinelo
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