quinta-feira, 26 de julho de 2012

Home sweet home


Enfim, estou morando em casa. Nada mais de comer sanduíche todo dia nem de lavar roupa na banheira do hotel. Depois de três semanas de procuras, enrolações e falcatruas, eis que tenho um apartamento só meu.

Achar lugar pra morar em Maputo não foi uma tarefa muito fácil. Como sou voluntária na ONG, tive que procurar um flat, como chamam aqui, dentro do orçamento disponível – e bem apertado. No acordo de trabalho, também dizia que precisava ser um Tipo 1 (de um quarto só), em lugar seguro e perto do local de trabalho. Visto que estou trabalhando em uma rádio comunitária no meio da favela, resolvi ignorar um pouco o quesito proximidade. Perto e seguro não ia rolar.

O mercado imobiliário tem lá suas peculiaridades. Além do corretor, tem sempre de duas a quatro outras pessoas que entram no bolo do primeiro pagamento – o vizinho que fica com a chave, a amiga do vizinho, que fica com a chave quando ele não está, o amigo do amigo do vizinho, que também quer uma graninha fácil e se encarrega de trazer mais gente interessada em alugar, e por aí vai. Então, o valor inicial do imóvel sempre ganha aquela reajustada pra conseguir pagar essa galera toda. E uma inflacionada quando percebem que a locatária é uma branquela. E, assim, o orçamento vai pras cucuias.

A questão de tempo, como sempre, também é muito relativa. Tanto faz levar duas semanas pra darem a resposta do dono do apartamento quanto podem alugar pra outro enquanto você inspira pra dar sua resposta. Um dos apartamentos que vi, prontinho pra morar e relativamente perto do trabalho, foi alugado pra outras pessoas enquanto digitavam as informações no contrato. E só informaram porque telefonamos para pegar a assinatura.

Mas, depois de muita paciência e sola de sapato, mudei para meu flat. Fica em um dos bairros mais seguros por aqui. É tranquilo, e tem um KFC a duas quadras daqui. E também tem um shopping e um palácio de casamentos, que tem rodízio de noiva todo sábado. Ainda vou lá tirar umas fotos.

O orçamento pra comprar mobília também é bastante limitado. Então, me acostumo com o eco. Aí do lado tem a foto da minha cozinha, o cômodo mais mobiliado do apartamento. Tem até um bolo de chocolate em cima da pia, se repararem bem. O laranja da parede ficou um pouco desbotado porque tirei a foto com o celular. Mas o look do apê é todo em tom de laranja gari. E vai ficar assim até agosto, quando vou ter dinheiro pra comprar tinta e mudar essas cores.

Detalhe para a geladeira de anão. Não que eu seja muito alta, mas esse frigobar com congelador que deu pra comprar é bastante engraçadinho no alto de seu 1,20 m de altura. Outras “modernidades” são o forno-elétrico-com-duas-bocas-de-fogão-em-cima Tabajara e a super máquina de lavar tanquinho-centrífuga-separados-mas-na-mesma-embalagem, tudo diretamente da China. Além disso, comprei uma cama. E negócios de cozinha, também no Bazar da China, que fica aqui na rua de trás. E só. 

Tá bom pra viver mais oito meses, né?

2 comentários:

  1. Fantástico!!!! Quero saber mais disso tudo. Já que a mobília é pouca sobra mais espaço pra outras palavras, né?

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